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Bom, diante de tantos desafios educacionais,
políticos e sociais que estamos passando, por onde começar?
Eu sou Fernanda, consultora educacional na
Paraíba de uma editora, na qual atuo em um projeto de uso das tecnologias na
educação. Imaginem essa atuação durante a conjuntura atual!
Se antes a tecnologia era um complemento na
Educação Básica – muitas vezes pouco utilizada em sala de aula – hoje ela se
torna basilar. Sem as plataformas e ferramentas virtuais, as instituições de
ensino estariam de mãos atadas para a continuidade do ano letivo.
Além da profissão atual, sou ex-professora de
história de uma escola particular – se é que existe esse “ex-professora”. Nesse
caso, consigo analisar os dois lados da moeda: o lado da professora sem
formação específica para esse momento, bastante angustiada com a enxurrada de
desafios e cobranças para sua prática docente; e, ainda, o lado da consultora
educacional em tecnologia que incentiva esse ensino mais dinâmico na era
digital e a maior autonomia docente no uso dessas ferramentas, principalmente
agora!
O que posso compartilhar a partir dessa
conjuntura atual é que o trabalho redobrou ou até triplicou, assim como a
maioria dos atores sociais da educação. Estou apoiando e dando suporte
pedagógico às coordenações e docentes de diversas escolas particulares
paraibanas, de João Pessoa até São José de Piranhas.
Faço formações online sobre o uso dessas
tecnologias, crio tutoriais didáticos, auxilio nas dúvidas via whatsapp, sistematizo estratégias de
organização do trabalho docente, alinho ações junto à coordenação, entre
outros. No geral, todos sentimos e partilhamos das mesmas coisas: insegurança,
muitos desafios, cansaço físico e mental, mas também muita vontade de fazer dar
certo.
Muitos dos(as) docentes, por exemplo, não têm
domínio básico de tecnologia e agora são desafiados(as) a ministrarem e
gravarem aulas online, dominarem plataformas digitais para atividades, lidar
com a cobrança da escola e dos pais nesse momento conturbado, entre outros
desafios. Tudo isso me faz pensar a situação da educação pública e como a
conjuntura deve ser ainda mais complexa como menos apoio e instrumentos
necessários (como normalmente é).
Já no meu dia-dia, ouço de modo recorrente
desabafos como: “Fernanda, não consigo entrar na plataforma, estou
desesperada”; “Já tentei de tudo e não consigo compartilhar minhas aulas. Por
favor, me ajude”; “Meu acesso está com problemas, já desliguei, reiniciei e não
abre”; “Não consigo inserir as atividades, estou perdendo noites de sono pela
angústia”; e em tom de brincadeira, “Depois dessas aulas vamos precisar de um
cardiologista”. Um dia desses um pai do
aluno invadiu uma aula online e criticou a professora em relação à organização
da agenda virtual na frente de todos os alunos e sem razão, pois nem ele mesmo
dominava a plataforma estando confuso com as informações.
Acredito que precisamos ter muita sabedoria e
calma nesse momento. Tudo é novo, desafiador e “fora da caixinha” para todos.
Estamos aprendendo dentro do processo e reafirmo a necessidade de maior empatia
(termo muito usado atualmente no discurso e pouco na prática).
Em resumo, nesses primeiros meses, refleti
muitos sobre diversos aspectos: que formação e valorização docente estamos
proporcionando para os professores e professoras lidarem com todos esses
desafios? Que empatia estamos desenvolvendo em relação aos profissionais da
educação nessa nova fase? Será que educação está obtendo um foco apenas
transmissor de conteúdo sem preocupação com a formação real dos estudantes? Até
que ponto esse contexto dificulta o acesso democrático ao conhecimento, tendo
em vista o maior acesso das escolas particulares?
São tempos difíceis, de ressignificações, de
reflexões e também de novas práticas. Nosso olhar está atento a essas mudanças
que são relevantes para repensarmos muitos aspectos, incluindo nosso modelo de
educação e sociedade.
Fernanda Gomides
Sou Fernanda Gomides, consultora educacional da
Editora Moderna na Paraíba, formada em Licenciatura em História pela UFPB e
Doutoranda em Educação na linha de Políticas Educacionais (PPGE/UFPB). Tenho
experiência como professora de História da Educação Básica, assim como
Professora Substituta no Centro de Educação da UFPB, na Educação de Jovens e
Adultos pelo PROJOVEM e como formadora de professores da EJA do município de
João Pessoa.
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