
Sou Pedagoga, Especialista em Educação Infantil, Professora da
Educação Infantil e Fundamental Menor com experiência há mais de 20 anos.
Escolhi esta profissão por ser a que eu gostava, desejava. Nunca fui muito
adepta do uso da tecnologia, a não ser quando fosse um recurso necessário.
A educação infantil e fundamental menor requer a experiência do
toque, do olhar, das sensações, educamos para além do “formal”. Tratamos da
educação intelectual e emocional da criança. Atuamos com aprendizados que
estimulam os sentidos. Trabalhamos o percorrer das letras e o equilíbrio do
corpo. Nosso trabalho é efetivamente uma base, um preparo inicial. E nesta
dinâmica, nos percebemos de um dia para o outro, enquanto um profissional que
precisava se reinventar totalmente. Nossos estudos, nossos teóricos,
aprendizados e experiências precisavam nos dar um suporte. Tudo que era tão
manual precisava invadir outro universo, o virtual. Precisávamos estar juntos,
mesmo que distante.
Neste contexto, de um dia para o outro precisei entender que a
minha sala de aula seria de manhã o Classroom/Meet
e a tarde o Teams. O que é isso? Foi
minha primeira pergunta e também a pergunta deles. “Bem é nossa sala de aula.
Um espaço virtual que vai nos unir. Eu agora vou estar na sua casa e você vai
estar na minha. E todos nós vamos nos ver e aprender muito juntos”. Foi assim
minha primeira conversa comigo e com eles, com as crianças.
Comecei a estudar, bem mais do que antes. Precisei aprender as
ferramentas, a linguagem e como funcionava. Precisei aprender outras
metodologias e contei/conto com ajuda de muitos(as) amigas e amigos. Percebi
que o Covid-19 nos afastou e nos uniu. De repente, vi crescer uma rede imensa
de solidariedade, principalmente, entre professores (as) e famílias.
Depois de estudar, pensar, formular... percebi que precisava
inserir o meu contexto de sala de aula neste universo, considerando duas
grandes questões: a qualidade do ensino precisa ser a mesma ou melhor; e a
adequação das metodologias e ferramentas para o nível de idade e aprendizado
das crianças. Então, comecei a planejar minhas aulas. Tudo precisava ser muito
lúdico. Na sala de aula presencial nós tínhamos os “combinados”, nossas regras
para a aula acontecer. Bem, adaptei. Então, fiz umas plaquinhas com símbolos
explicando nossas regrinhas, como deixar a garrafinha de água perto, desligar o
microfone enquanto a tia falar, ligar o microfone quando a tia pedir, antes de
começar a aula lavar as mãos e deixar o material escolar perto. Todos os dias
são testes. Aprendendo o que funciona ou não. Tento manter a interatividade com
eles. Converso, peço para vê-los. Peço que me mostrem o que estão fazendo,
mostrem as atividades. Não diferente da sala, chamo cada um pelo nome, pergunto
as novidades e como estão se sentindo.
Mantemos, eu e eles o nosso calendário. Todos os dias, marcamos a
data do dia da semana, conversamos sobre o dia. Todos têm participado e
buscamos aprender e nos divertir. Percebi que é importante não deixar que eles
fiquem parados muito tempo. Então, as atividades estão sendo pensadas para que
eles se levantem, se movimentem, que busquem objetos pela casa com atividades/brincadeiras
quanto ao conteúdo, tal como, aprendendo o som das letras. Peço que
identifiquem um objeto da casa que inicia com a letra, que traga e apresente
aos colegas. Com isso, eles identificam o objeto, relacionam o alfabeto,
escrevem a palavra, desenham a palavra e brincam com os colegas. Tenho
percebido que é importante a interação, o uso de música, vídeos e jogos. Agora
tudo muito curto, uma vez que o foco é menor.
Em uma das escolas, ficamos juntos duas horas com intervalo de
meia hora. E na outra escola trabalhamos direto uma hora. As crianças estão
respondendo as atividades e os pais são os parceiros, essenciais na ajuda das
atividades, filmam, fotografam, além de interagir diretamente com os filhos na
aula.
Os obstáculos são imensos e todos os dias temos novos desafios,
mas sinto que estamos aprendendo muito, estamos mais solidários e mais
cuidadosos uns com os outros. Estamos aprendendo o valor de uma coisa muito
simples, estamos aprendendo a importância de estar perto e o valor do “toque”.
Sayonara
Mirley
Graduada em
Pedagogia
Especialista
em Educação Infantil
Professora
da Educação Fundamental Menor