Sou pedagoga, professora da Educação Infantil e fundamental na rede pública. A sala de aula, aquela experiência, o contato com as crianças é a melhor sensação que existe.
Eles precisam do nosso abraço e do aconchego que só o professor sabe dar.
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Porém nesses tempos de CORONAVÍRUS tudo precisou ser mudado, e me peguei fazendo várias interrogações. Será que vou conseguir me adaptar a essas aulas remotas? E as crianças vão gostar? Como elas irão reagir? Entre muitas outras indagações. Para mim não foi e nem está sendo fácil, pois sempre tive muita dificuldade até de tirar uma foto, imagine gravar vídeos diários e fazer aulas online, tudo isso de forma lúdica e dinâmica?! Nesse momento percebi a importância de me reinventar, principalmente quanto à tecnologia. Dedicamo-nos muito a conteúdos específicos e a prática diária, e acabamos por esquecer que vivemos a Revolução Tecnológica, e isso exige de nós uma imensa atualização.
Trabalho em duas escolas, uma pública e uma particular, e acreditem, são dois mundos completamente diferentes. Em uma tudo é mais simples, todos têm acesso à internet, computador, tablet ou celular. Na outra, muitos nem se quer têm um celular. Então me peguei pensando, o que vou fazer para que esses alunos tenham acesso a algum conteúdo? Entrei em contato com os pais, alguns se interessaram em pelo menos mantermos contato pelo whatsapp, outros não, o que é totalmente compreensível na realidade deles, pois eles estão preocupados em levar o alimento para casa, não estão com cabeça para estar assistindo vídeos e tampouco fazendo atividades, então envio algumas atividades para a escola e os pais vão lá e pegam. Tenho muitos alunos que só tinham uma alimentação por dia, e era na escola, e mesmo diante da situação que estamos vivendo, a escola ainda abre em um horário para que essas crianças possam se alimentar.
De repente nos pegamos nessa situação, falo por mim, não está sendo fácil. É muito cansativo, faço tudo que posso para que os conteúdos e as atividades sejam suficientes para que eles possam de alguma forma ter subsídio para construção de conhecimento, mas fico muito preocupada porque sei que meus alunos precisam muito de mim, do meu auxílio. Esse ano aceitei ficar com uma turma de 3° ano do ensino fundamental menor com 32 alunos, e acredite só duas crianças sabem ler. Depois da avaliação diagnóstica e de verificar tal situação tinha feito vários planos e projetos para conseguir alfabetizá-los e estava realizando a tarefa com êxito, e quando menos esperávamos acontece tudo isso. Em minha opinião essas aulas remotas não ajudam muito, é apenas um auxílio, principalmente no caso dos meus alunos que nem ler sabem, e seus pais também não sabem, muitos recorrem a vizinhos ou aos irmãos para ajudá-los nas atividades.
Escolhemos esta profissão por amor, por acreditar na sua função social. No entanto, ser professor no Brasil é um desafio que precisamos vencer todos os dias. Amamos ensinar, amamos nossos alunos e ficamos realizados com suas conquistas. Tudo que planejamos é para seu crescimento pessoal e intelectual. Acredito que quando tudo isso passar nós também vamos dar mais valor a nossa rotina, que apesar de cansativa é muito gratificante. Durante esse tempo estou buscando novos cursos e novas possibilidades para me atualizar, buscando sempre o melhor para meus alunos.
Maria Andresa Félix da Silva
Pedagoga
Cursando Especialização em Psicopedagogia
Professora da Educação infantil e Ensino fundamental I da Rede pública e privada