quinta-feira, 14 de maio de 2020

Ensinar é.... uma arte!




Lembro-me das tirinhas que sempre iniciavam com “Amar é...”, e isto me fez intitular este texto com "Ensinar é... uma arte". Sempre achei que ensinar era um dom, tal qual cantar, tocar, desenhar. A formação, obviamente, é imprescindível. Porém de nada adiantam títulos na mão se não tiver o dom, este a meu ver, sinônimo de amar a profissão.

Minha vocação para a profissão começou a ser descoberta por volta de 2005, quando comecei a dar aulas de reforço para ensino fundamental e médio. Mas meu curso de contabilidade me levava para outros ares, o mercado, que também foi engrandecedor para os meus caminhos serem levados à docência. Mas apenas em 2016, tive a oportunidade de ingressar no nível superior, sendo ao mesmo tempo estudante (no mestrado) e professora (em universidade pública e privada).

Foi, então, que descobri mais uma razão pela qual eu amava ensinar. Era por poder estudar e aprender a todo momento. Ser professora é estar em constante mudança. É se atualizar e buscar experiências novas. Uma novidade que nunca imaginei passar foi estar diante de câmeras, gravando vídeo-aulas para as minhas turmas ou ministrando por meio de vídeo conferências.

Isto me fez perceber que, de fato, ensinar é...uma arte. Se adaptar a um contexto totalmente diferente, ser bombardeada por informações múltiplas de como melhorar a disseminação do conhecimento por meio de aulas remotas. Aprender várias ferramentas tecnológicas em um curtíssimo espaço de tempo, no mesmo momento em que, por outro lado, lidamos com a pandemia da Covid-19. Além, é claro, de todas as outras atribuições que o professor é incumbido de exercer. Tudo muito novo.

A princípio, o único pensamento é: como conseguirei fazer? Após isto, vem o pensamento de: o que é ser professor? É estar sempre aprendendo. Então, a vontade de aprender mais e mais sobre aplicativos para disponibilização de aulas foi tomando todo o meu ser, e comecei a viver isto. O que foi e tem sido a terapia para enfrentamento deste momento triste que estamos vivendo. Ocupar a cabeça com o que gostamos de fazer é o melhor remédio para a saúde mental.

Sobretudo, nesta época, importante também foi reforçar o sentimento da empatia. Quantos julgamentos surgem, com as mais variadas opiniões, sobre quais as melhores formas que deveriam ser feitas as aulas, sobre a paralisação, sobre as diminuições de mensalidade para as instituições privadas. De outra parte, quantas pessoas perdendo seus entes queridos, seus empregos, diminuindo suas rendas. Além de, diante da desigualdade social, quantas pessoas não tem o devido acesso aos meios tecnológicos básicos para o acompanhamento de seus estudos. Tudo isso leva a cada indivíduo tentar se colocar no lugar do outro, para que, na medida do possível, tudo se encaixe.

Sendo assim, o papel do professor é, também, o de proporcionar a sintonia entre os alunos, de modo que atue como um psicopedagogo, compreendendo as diversas situações particulares de cada pessoa. O que, neste momento, vai além do aprendizado do conteúdo do curso.

O futuro incerto de voltarmos a realidade, tal qual era antes da pandemia, faz com que os pensamentos, por vezes, sejam voltados para tristeza e desesperança. Então cabe a nós, professores, buscarmos na nossa arte de ensinar, o discernimento para enfrentarmos todos esses obstáculos de crise, agravados pela pandemia da Covid-19.

E disso tudo, estamos tirando algumas lições. Que de nada adianta apenas riquezas materiais. De nada adianta o corre-corre diário. De nada adianta trabalhar para ficarmos exaustos, se não temos tempo necessário de estarmos juntos de quem amamos. O principal na vida é fazermos o que amamos e estarmos perto de quem amamos.

Além disso, aprendemos a dar valor as coisas mais simples, a agradecer por nos encontrarmos com familiares, amigos e colegas de profissão. Aprendemos a dar valor a nossa liberdade de podermos ir a um supermercado, a uma farmácia, a abastecer o carro. Estamos aprendendo o valor da vida. E também aprendemos a refletir sobre o valor da vida. É importante pararmos um pouco, freando a nossa aceleração em busca de algo que achamos que é a felicidade, quando, na verdade, a felicidade está nos momentos mais simples.

Assim é um grande desafio este momento que estamos passando na nossa vida pessoal, como também profissional. E para nós, professores, devemos continuar exercendo a nossa arte de ensinar.


Carla Janaina Ferreira Nobre
Graduada, Mestre e Doutoranda em Ciências Contábeis
Especialista em Gestão e Auditoria Pública
Professora de Ensino Superior Privado

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você sabe o que é Racismo? – Relato de uma Professora de Literatura em Aula de Acesso Remoto

“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”. Você sabe o que é racismo? Isso mesmo, início a minha fala en...